
Assim, a Repom 4 se desenha a partir das contribuições de músicos pesquisadores que oferecem ao leitor caminhos bastante diversificados do trabalho musical: do universo operístico ao mundo sonoro da música instrumental brasileira.
No artigo La
nueva Trova Cubana, Jeffrey Manoel Pijpers explora a música cubana
e suas relações com o mundo político e social de Cuba, analisando o trabalho
de uma nova geração de compositores.
Já em Um passo em falso: a valsa de Casimiro de Abreu, Tiago Hermano Breunig toma a interseção entre música e literatura no conhecido poema de Casimiro de Abreu, abordando de maneira instigante a carpintaria poética do autor, que transpõe para o jogo de pulsações do verso o ritmo da música. Ao transcender a mera análise formal, o artigo problematiza a musicalidade no verso como reveladora da vertigem do sujeito que se dilui e se emudece.
A revista faz uma incursão no mundo operístico, através do artigo de Beatriz Tironi, Eros e Tanatos na ópera de Turandot de Puccini, que analisa as formas como a sexualidade e a morte são abordadas na obra em questão, e constituem o movimento central do drama. A autora analisa passagens da partitura músico-textual, explora as relações entre música e palavra e desvela as pulsões básicas que conduzem os personagens ao paroxismo característico do gênero.
Em Composição e improvisação no Calendário do Som, Luiz Gustavo Zago aborda o universo de Hermeto Paschoal investigando o processo de composição do autor. A hipótese básica é a de que as raízes de tal processo se encontram nos recursos normalmente utilizados na improvisação. Assim, o autor analisa aspectos da construção harmônica, melódica e rítmica, mostrando como Hermeto Pascoal canibaliza diversas linguagens da música popular, ao fixar no Calendário do Som o efêmero da improvisação musical.
Guilherme Gustavo Simões de Castro problematiza a cultura de massa nos anos 90, no artigo O contexto histórico da globalização: comunicação de massa e cultura nos anos 90. O pesquisador mostra como movimentos contraditórios desenham um panorama rico e intrincado, no qual uma forte tendência à massificação e mercantilização da música popular produz a homogeneização, ao mesmo tempo em que a música independente da grande indústria floresce, graças ao desenvolvimento de técnicas de reprodução mais baratas.
Por fim, na seção Contraponto, Demétrio Panarotto refaz a trajetória de Tom Zé, este que mais que músico, é um performer nascido em Irará na Bahia em 1936, ativo participante das transformações musicais ocorridas na década de 60 quando se dá o encontro com o grupo que viria a configurar o tropicalismo que, mais que um movimento, é, para Tom Zé, um ritmo que continua “pulsando” na cultura brasileira.
Já na seção Entrevista, Tiago Breunig conversa com o músico Rolando Castello, figura importante na cena musical brasileira enquanto baterista de grupos como Patrulha do Espaço e Made in Brazil, surgidos nos anos 1970. Através de sua trajetória pessoal, Rolando acaba por revelar aspectos muito interessantes da história do rock no Brasil.
Ao leitor o deleite.
Até o próximo número!
Emílio Gozze Pagotto e Tereza Virginia de Almeida
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